terça-feira, 19 de maio de 2009

Melhor é Impossível - 1997 (As good as it gets)


Ótima direção, interpretações impagáveis, roteiro inteligente e uma trilha sonora inesquecível. Esses ingredientes muito bem harmonizados fazem de "Mellhor é Impossível" um filme tocante. Começamos o filme com o MONSTRO (não há outra palavra que defina melhor) Jack Nicholson implicando com o cachorro do vizinho. A partir daí, a personalidade de Melvin nos é apresentada de forma magistral por Nicholson. Uma pessoa que usa do sarcasmo para afastar todos ao seu redor e que possui uma série de transtornos compulsivos que pioram sua convivência com a sociedade. No meio de tantas pessoas, somente Carol (a garçonete – Helen Hunt) consegue lidar com o rabugento.

Uma série de acontecimentos invadem a vida de Melvin que se vê forçado a mudar sua rotina. Algo que o faz sofrer, uma vez que seus transtornos os escravizam em sua rotina.Pensamos que a interpretação de Nicholson vai cair e começamos a nos surpreender ainda mais. De quem seria este mérito? De James Brooks, que já havia dirigido Nicholson muito bem em "Laços de Ternura"? Do roteiro? Do talento de Nicholson? O que presenciamos é uma encaixe perfeito. Sua austeridade começa a ser quebrada com a convivência com o cachorro do vizinho. Vemos um Melvin que começa a se entregar, mas que tenta se doutrinar contra isso. As mudanças ficam piores para ele, quando Carol não pode ir mais trabalhar para cuidar de seu filho doente. Ele fica desesperado, pois não consegue almoçar se não for antedido por ela. Mas não temos, inicialmente, um interesse homem/mulher. Temos um capricho de seus transtornos que o fazem oferecer ajuda ao filho para que ela possa voltar a trabalhar. Carol, inicialmente confude as coisas, mas Melvin logo mostra “gentilmente” que seu único interesse é que ela volte a trabalhar.
Ótima interpretação também de Greg Kinnear que interpreta um homossexual sem apelar para trejeitos irritantes utilizados constantemente nesses tipos de interpretações. Além de Cuba Gooding Jr. que possui um personagem interessante com uma personalidade importante para o desenvolvimento do filme. Todos os personagens do filme têm razão de ser, e não estão lá gratuitamente. O roteiro brinca, parece desfilar. Estamos carentes de roteiros coesos e interessantes. E este nos brinda mostrando que de simplicade e bom senso podem surgir obras divinas.Quando o interesse da Helen Hunt começou a aparecer, comecei a discordar da grandiosidade do filme. Ali ela começa a se apresentar como uma mulher sozinha e desamparada. Ao ver que Melvin está cuidadando do seu filho, começa a sentir profunda gratidão. Pensei que a partir desse momento o filme começaria a desandar. Mas esse roteiro divino mais uma vez nos dá uma rasteira. A Carol começa a sentir interesse como mulher. E tudo é mostrado de uma maneira suave e gostosa de se ver. Confesso que até eu fiquei apaixonada pelo Melvin. Nunca achei o Nicholson bonito (principalmente por ele ter a eterna cara de coringa), mas é impressionante como ele fica charmoso quando volta ao restaurante de terno. Nicholson ficou realmente elegante. E as cenas seguintes são recheadas de diálogos maravilhosos. Sempre esperamos grandes pérolas de sadismo de sua boca. E para mim, umas das melhores cenas acontece na hora do jantar. Depois que Melvin acabar de fazer mais um comentário grosseiro (dessa vez se referindo a maneira de como está vestida), Carol ordena que ele faça um elogio. Então, ele começa a contar desordenadamente que possui problemas psiquiátricos e precisa tomar pílulas, porém odeia pílulas e não as toma, impedindo que fique bom. Logo em seguida, diz que ao ver Carol começou a tomar pílulas. Neste momento tudo fica em silêncio e logo pensamos: Ele falou mais uma dúzia de abobrinhas sem sentido. E ao ser questionado pela amada sobre que tipo de elogio se tratava, ele responde:"Você me faz querer ser uma pessoa melhor". É lindo presenciar algo tão belo vindo de alguém tão odioso. É claro que ele logo se atrapalha novamente. Mas a mensagem que o filme nos deixa é que não existe a perfeição. Mesmo com todos os obstáculos, melhor é impossível.Melvin nos faz rir. Nos deixa com raiva. Nos faz chorar. Faz aflorar nossa piedade. E acima de tudo nos mostra que o amor é um dos grandes remédios da humanidade.